sexta-feira, 3 de junho de 2011

Livra-nos do mal...


Mateus 6:13

E não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do maligno. Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém.

A cada dia que se passa estamos nos deparando com a maldade em seu estado mais avançado. A imprensa brasileira recentemente colocou seus holofotes em um bárbaro crime, que aparentemente teria sido cometido pela madrasta e pelo próprio pai da menina Isabelle. O crime chocou a opinião publica nacional e internacional. Na mesma semana, um senhor de certa idade matou e esquartejou a jovem amante em vários pedaços e alegou que agiu “em legitima defesa”. Em continuação, na Áustria, um pai abusou sexualmente de sua filha, por mais de vinte e quatro anos, tendo seis filhos com ela, e mantendo-a em cativeiro.

A maldade humana não tem limites. Parece também não ter freios. A violência tem sido a tônica de cidades grandes e pequenas. O que antes acontecia nas grandes metrópoles, agora e comum até na zona rural. Mas que explicação se tem para o mal no seu sentido mais amplo? Por falta de espaço e também para tornar o assunto mais compreensível, tratamos de explicar o assunto partindo de sua origem etimológica, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Para isto teríamos de entender qual o ponto de vista bíblico sobre o assunto.

O mal sistêmico.

Este é movido pelo reino das trevas. Depois da queda de Adão e Eva e sua conseqüente expulsão do Paraíso, o homem, nascido de mulher, segundo a Bíblia, é gerado com a velha natureza adâmica. A Bíblia diz que o ser humano é mal desde a sua meninice (Gn 8.21). Conseqüentemente, o mal atravessa todo o sistema mundano e, portanto, condenado por Deus conforme 1 João 5.19 que diz: “sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno”.

Como o mal chega até nós.

Existem pelo menos quatro formas como o mal pode nos atingir:

  1. porque o procuramos.
  2. porque outros nos metem em situações difíceis. Por exemplo, um filho, um marido ou esposa que criou um problema com o vizinho, etc.
  3. porque o diabo assim o faz. Afinal de contas, este é o trabalho dele – matar, roubar e destruir. Mas, “para isto se manifestou o Filho de Deus, para desfazer as obras do diabo” 1 Jo 3.8.
  4. porque Deus permite. Devemos entender que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito” Rm 8.28.

No Antigo Testamento.

Veremos agora algumas palavras que descrevem o mal no seu sentido etmológico, partindo do hebraico. Para tanto, nos valemos do Dicionário Vine, editado pela CPAD, do qual extraímos alguns exemplos, a seguir:

Mal – hamas (hb). Ocorre 67 vezes. Algumas referências biblicas: Genesis 6.11,13; 16.5; Sl 25.19; 72.14. Sinônimo de extrema impiedade. Algo enraizado no profundo do coração humano, onde não há lugar para perdão. Isto, vamos observar mais claramente na exposição de Paulo aos romanos (Rm 1.29-32).

Yana (hb).Ocorre cerca de 20 vezes com o sentido de maltrato. Deus proibia o maltrato de estrangeiros e de escravos fugitivos que viessem buscar asilo em Israel, lembrando que o seu povo foi estrangeiro e escravizado; como também a opressão financeira dos ricos aos pobres e necessitados, vd. Levitico 19.34; 25.14,17; Dt 23.16; etc. Convém salientar aqui, que quando o Senhor Jesus orava: Livra-nos do mal, também estava falando: livra-nos de oprimir a nossos irmãos. (Isaias 58.6-9).

Ra; ra ‘a’ (hb). Mal, aflição, ruim, maldade, infortúnio – experiências que causam dor física ou emocional; julgamentos morais distorcidos vd. Isaias 5.20 – “ai dos que do mal chamam bem, e do bem, mal”. Geralmente se associa as palavras: “aos olhos de.” Referencias bíblicas: Pv 24.18; Mq 3.4; Nm 16.15; 1 Cr 16.22;. comp. Hb 13.17. Esta palavra está presente nas motivações intimas das ações. Falta entendimento das pessoas que o fazem, “acerca da verdadeira natureza de seus atos”. Quando vão adiante no planejamento de machucarem outros, isto se torna um hábito, e o que é pior, transforma-se em uma compulsão, que desencadeará em uma auto destruição causando danos a si mesmo e somente entenderá isto tardiamente.

Ra’ (hb). Mau, acompanhada 55 vezes de “aos olhos do Senhor” denunciava a idolatria, orgulho, ressentimento, resistência.

No Novo Testamento.

Kakos (gr). “o que é mau em influencia e efeito, maligno”.

Poneros (gr). Mal que causa labor, dor, aflição, mal maligno.

Phaulos (gr). Superficial, insignificante, fútil, lançado de um lado para o outro por todo vento. Daí: banal, comum, ruim. Sentido de ser desprezível, vil, abjeto ou infame, pertencente a uma ordem reles de coisas. Ciúmes e discussões são acompanhados por “toda obra perversa” (Tg 3.16). Existem ainda as palavras derivadas: maldade; maldizente (diabolos – gr), que é o mesmo que difamador, caluniador, que acusa falsamente (1 Tm 3.11) e geralmente é aplicado àqueles que têm por habito encontrar faltas no comportamento e conduta dos outros, espalhando críticas e insinuações pela igreja.

Kakourgos (gr). Malfeitor, mau trabalhador, mau obreiro.

Kakia (gr). Malicia, maldade em termos de qualidade.

Rhadiourgia (gr). “fácil no trabalho”, indicando preguiça, imprudência, irresponsabilidade, maldade. Tem também o sentido de “roubo”. Isto é real, pois aquele que trabalha irresponsavelmente, seja para Deus ou para homens, está praticando uma maldade, e, portanto, um ato reprovável diante do Senhor e diante dos homens. Que testemunho cristão eficiente tem aquele crente que age assim no seu ambiente de trabalho? Conheci crentes que “faziam o corpo mole”, no jargão de trabalho, para esticarem seu tempo até as horas-extras. Isto é roubo!

Rhadiourgema (gr). Ato imprudente, ato irresponsável. Irresponsabilidade no que se está fazendo, seja por negligência ou por consciência a fim de prejudicar o patrão ou a empresa.

Kakoetheia (gr). Malignidade. Maneira má, caráter ruim, disposição má “que tende a por a pior construção em tudo, malícia, malevolência, astúcia”.

Ainda teria algumas coisas que acrescentaríamos aqui, contudo achamos que apresentamos o necessário a este estudo. Convém salientar, que em algumas versões em português, a frase “livra-nos do mal”, está traduzida para: “livra-nos do maligno”, como forma de indicar a origem de toda espécie de males. Mas fiquemos com o que disse o salmista: “Aquele que habita no esconderijo do altíssimo, à sombra do onipotente descansará”. É impressionante a forma como o Senhor guarda aqueles que são seus. Que Deus nos abençoe e nos livre de toda forma de mal.

Fonte

http://www.pastorcarlosgomes.com/livranos_do_mal.html

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